Você já ouvir falar em “slow fashion”? Na busca por criar um cotidiano mais sustentável e em sintonia com as demandas do planeta, ter uma visão consciente do nosso consumo também passou a envolver nossas escolhas de moda. Afinal de contas, o simples fato de adquirir uma nova peça na loja significa contribuir com um determinado esquema de produção, com seus impactos sociais e ambientais.
Na contramão da moda globalizada e em plena era do fast fashion – em que as roupas basicamente são encaradas como descartáveis – o slow fashion surge como um pilar importante de uma vida mais ecológica e socialmente responsável.
É hora de saber mais sobre essa ideia e, muito mais do que conhecê-la na teoria, implementá-la na prática! Vamos lá?
Novos cenários, novas escolhas: o que é slow fashion?
A expressão, que surgiu por volta de 2004, foi criada pela jornalista de moda Angela Murrills. Contrapondo-se ao termo fast fashion (“moda rápida”, de consumo fácil), o slow fashion foi inspirado pelo conceito do slow food, que já reforçava a defesa do meio ambiente e dos pequenos produtores na perspectiva da alimentação.
No contexto da moda, esse movimento veio como uma alternativa às grandes redes que incentivam um consumo de roupas impensado e impulsivo, que é motivado a cada nova liquidação e troca de coleções. Enquanto o fast fashion declama “consuma mais e mais barato”, o slow fashion quebra a corrente ao defender o “consuma menos e melhor”.
Preocupando-se com todo o ciclo dos produtos – desde o processo de produção das roupas até o momento em que são adquiridas pelos consumidores – o slow fashion é um movimento que preza pela sustentabilidade no mundo da moda, do ponto de vista ambiental e social.
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Principais características do slow fashion
- Transparência acerca da real origem dos produtos. O consumidor sabe exatamente de onde a roupa ou acessório vieram e como foram produzidos. Nas grandes marcas fashion, muitas vezes esse fato é ocultado;
- Proximidade entre produtores e consumidores;
- Valorização da produção local, incluindo pequenas marcas e recursos naturais da região, combatendo os efeitos nocivos da fabricação de massa;
- Produtos com uma vida útil mais longa, que rompem com o modelo “descartável” da moda;
- Moda como escolha e não imposição globalizada;
- Produção socialmente responsável e com melhor distribuição econômica;
- Valorização de itens fashion “usados”, que podem ser reciclados e reutilizados;
- Moda além da aparência;
- Comercialização mais justa e cooperativa de roupas e acessórios.
Moda consciente: 7 maneiras de aderir ao movimento
A mensagem das grandes redes de moda é clara: apelo visual, baixos preços, produção de massa, muita novidade, pouca durabilidade (“mas está tão barato, vale a pena levar”). Será que você já parou para pensar na razão de estar pagando menos?
A verdade é que, nos bastidores de itens fashion vendidos a valores baixíssimos, quase sempre existe a exploração de mão de obra humana e o uso irresponsável de recursos naturais e outros insumos. E não se engane – grandes corporações com nome no mercado estão envolvidas nesses processos.
Se o acesso de todos a produtos de maior qualidade e socioambientalmente conscientes é dificultado por inúmeras questões (que valem o debate!), a boa notícia é que fazer escolhas mais sustentáveis na moda é mais simples do que parece. De fato, aderir ao slow fashion é criar um novo hábito, como fazer reciclagem ou economizar água.
Saiba como aderir ao movimento na sua rotina:
1. Evite os tecidos de fibras plásticas
Você sabia que alguns tecidos (como o náilon e o poliéster) contêm microplástico em sua composição?
Muita gente desconhece a informação, mas a lavagem de roupas dessas fibras sintéticas libera as referidas partículas de plástico – e são uma grande fonte de poluição de rios e mares. Na prática, mesmo que essa água descartada passe pelas estações de tratamento de esgoto, cerca de 40% do material poluente ainda alcança os corpos d’água.
Evite comprar e utilizar peças de fibras sintéticas e não contribua para um sistema de produção e consumo que gera alto impacto ambiental. Prefira os tecidos mais naturais e orgânicos, como o algodão.
2. Cuide da durabilidade das suas peças
A lógica é simples: garantir vida longa às suas roupas impede o descarte rápido das peças, prolonga o tempo de uso e contribui para um sistema mais sustentável de moda. Para tanto, optar por tecidos de maior qualidade e promover a lavagem adequada são cuidados importantes.
No dia a dia, reutilize as roupas antes de lavar sempre que possível, evitando o desgaste e também a liberação de partículas poluentes (como o próprio microplástico) no ambiente. Ao lavar, tome os cuidados necessários de acordo com o tipo do tecido e a delicadeza da peça, evitando danificar, desbotar ou encolher a roupa.
Nesse ponto, vale mencionar a facilidade dos aplicativos de lavanderia, que asseguram peças mais duráveis e bem higienizadas – e também são uma escolha mais ecológica. De fato, estudos da Sabesp e da ANEL apontam que optar por lavar roupas nas lavanderias representa uma economia de 40% no consumo de água e 21% no gasto de energia elétrica.
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3. Aposte na reutilização
Uma das estratégias mais efetivas para colocar o slow fashion em prática é deixar de investir em novas peças e reinventá-las em um novo estilo. Mandar para a costureira, remendar, reciclar a roupa ao pensar novas maneiras de usá-la: essas são apenas algumas maneiras de promover uma revolução sustentável no seu armário. Não descarte, reutilize!
4. Faça escolhas de moda conscientes
Seguindo a linha do slow fashion, ao comprar menos e melhor, o consumidor investe em peças que poderão ser usadas por muito tempo e que não são itens genéricos de uma “moda passageira”. Esse cuidado contribui inclusive para o estilo pessoal, já que a tendência é usar roupas muito mais originais.
Nesse sentido, ao invés de ter um armário abarrotado de itens “da moda” que serão pouco utilizados (ou mesmo vestidos uma única vez), priorize peças atemporais, duráveis, de maior qualidade e que podem ser usadas em diferentes combinações sem perder a graça e a versatilidade.
5. Priorize marcas responsáveis e locais
Comece a se preocupar com a origem do que você está comprando. A marca é socialmente responsável (promovendo condições de trabalho justas) e ambientalmente consciente? Há iniciativas interessantes e “limpas” por parte dessas empresas?
Busque ao máximo priorizar pequenos negócios da sua região, incentivando a economia local e um modo de produção muito mais simples, sustentável e artesanal. Feiras de troca de vestuário, costureiras do bairro, marcas veganas e/ou que apostam na reciclagem são sempre opções interessantes nesse sentido.
6. Invista nos brechós
Não há como falar em slow fashion e consumo consciente sem falar nos brechós, é claro! Ao invés de frequentar aquela loja de departamentos com araras de roupas produzidas em série, que tal visitar um brechó da sua cidade para garimpar itens interessantes e exclusivos?
Com o conceito de promover a reutilização de itens de segunda mão (e a proposta de receber doações e fazer trocas), os brechós muitas vezes possibilitam adquirir itens de alta qualidade a preços muito baixos, sem falar na originalidade das peças. Vale muito a pena!
7. Dê o descarte adequado às suas roupas
É claro que o ideal é evitar o descarte de roupas ao máximo. Mas, quando for necessário, nada de jogá-las no lixo comum! Há muitas alternativas interessantes para lançar mão nesse momento, como aproveitar o tecido para outros fins, fazer doações para instituições de caridade, doar/vender/trocar nos brechós e entregar as peças em pontos de coleta específicos da sua cidade. Seja responsável!
E aí, gostou do conteúdo? Você já conhecia o movimento slow fashion? Já aplicava alguma das práticas acima? Comente para nos contar e aproveite para conferir 6 práticas simples para um dia a dia mais sustentável!