Nos tempos atuais, em que a pauta da sustentabilidade ganha cada vez mais urgência, repensar nossos hábitos de consumo diários é tarefa-chave. Já falamos, aqui no blog, sobre o uso racional da água e a aposta na compostagem para reduzir a geração de lixo. Mas qual é a sua postura quando o assunto é o consumo consciente?
De acordo com dados do Ministério do Meio Ambiente (MMA), a humanidade já consome cerca de 30% mais recursos naturais do que o ecossistema tem capacidade de renovar. Diante dessa “conta que não fecha”, a previsão é de que dois planetas Terra sejam necessários para suprir nossas demandas de energia, alimentos e água em menos de 50 anos!
A solução mais eficiente, aqui, passa por repensar escolhas de consumo e eliminar uma lógica automática e desenfreada no modo como compramos, utilizamos e descartamos mercadorias e recursos no cotidiano.
Recapitulando o conceito: afinal, o que é consumo consciente?
A definição do consumo consciente envolve, antes de tudo, um entendimento primário e fundamental: absolutamente tudo o que consumimos provoca impactos no meio ambiente, na economia, nas relações sociais e em nós mesmos – sejam positivos ou negativos.
De fato, a questão abrange desde o modo de produção dos bens de consumo (incluindo extração de matéria-prima e relações trabalhistas) até nossas escolhas ao comprar, a maneira como descartamos/lidamos com o lixo e à cobrança de atitudes assertivas do poder público.
Em outras palavras, o chamado consumo consciente (ou sustentável) é aquele que considera as consequências ambientais e sociais do ato de consumir, em oposição àquele modelo imediatista, desenfreado e que visa apenas ao lucro e à satisfação instantânea de um desejo de compra.
Vale lembrar que o consumidor se encontra no “extremo final” do ciclo de produção, detendo um grande poder para traduzir a lógica de exploração em atitudes mais sustentáveis e conscientes. Mas afinal, como contribuir para um mundo mais ecológico através do consumo? É o que veremos a seguir!
Como adotar o consumo consciente na prática?
Em meio a uma situação cada vez mais alarmante, o advento das compras pela internet (que facilitam a aquisição irrefletida de produtos), o crescimento do mercado consumidor (a cada ano são 150 milhões de novos consumidores) e a má distribuição do consumo mundial são faces de um problema que exige uma mudança no paradigma de toda a sociedade.
Desperdício de alimentos, banhos demorados, longas filas em shopping centers, obsolescência programada de novas tecnologias, incentivo cultural para adquirir cada vez mais: tudo isso deve ser considerado em um dia a dia mais sustentável. A seguir, confira x práticas de consumo consciente que você pode adotar agora!
1. Repense e planeje suas compras
Um primeiro passo valioso é lançar mão de uma análise prévia antes de sair comprando. Muito mais do que se deixar levar por “promoções relâmpago” e instintos de consumo, faça uma reflexão: “realmente preciso comprar?”
Ao invés de transformar o processo de compra em algo automático, que se resolve em poucos segundos, pare para pensar sobre as características que precisa em um produto, se ele será útil no seu dia a dia (e utilizado muitas vezes), pesquise informações sobre diferentes fabricantes e lojas.
É essencial ter em mente que, a cada nova mercadoria adquirida – por menor, mais simples e mais barata que seja -, você estará comprando algo que consumiu matérias-primas como água e petróleo, que envolveu o trabalho de pessoas em sua produção, que será eventualmente descartado no meio ambiente.
Todo esse ciclo (toda compra) representa um débito ambiental e humano. Reflita sobre seu papel no todo!
2. Avalie a responsabilidade socioambiental dos fabricantes
O planejamento da aquisição de novos produtos envolve um cuidado importante para o consumo consciente: saiba exatamente de quem você está comprando.
Priorizar empresas que têm responsabilidade ambiental e social, apostando em projetos e atitudes que contribuem para o desenvolvimento sustentável, é fundamental. Hoje em dia, o acesso a esse tipo de informação está mais fácil e rápido do que nunca: basta pesquisar na internet. Procure sobre possíveis processos judiciais, depoimentos de clientes, parceiros e funcionários.
O que está por trás das empresas nas quais você está investindo seu dinheiro? Muitas vezes, infelizmente, é a negligência profissional e humana com a equipe, geração irresponsável de poluentes e até mesmo trabalho escravo.
Preferir produtores e negócios locais, assim como não investir em produtos piratas e de procedência duvidosa, são práticas importantes nesse sentido.
3. Priorize a qualidade em detrimento da quantidade
Com tantas campanhas de marketing, apelos nas redes sociais, lojas de fast fashion que oferecem mercadorias a preços baixos e o estímulo a comprarmos sempre mais para preencher certos estilos de vida, a tendência é mesmo nos tornarmos acumuladores de produtos.
Como princípio do consumo consciente, entretanto, é preciso ir contra essa corrente e priorizar itens com uma maior vida útil (muitas vezes mais caros, mas com muito mais qualidade e procedência “limpa”).
Uma coisa a se ter em mente, aqui, é que mercadorias a preços muito baixos quase sempre indicam que há “algo de errado” no processo de produção – trabalhadores em condições insalubres e uso irresponsável de recursos naturais, por exemplo.
Um cuidado importante é buscar, no dia a dia, controlar o impulso de adquirir itens em um grande volume (que muitas vezes serão pouco utilizados). Compre menos e melhor.
4. Priorize o uso de refis
Quando o assunto é “prolongar a vida útil de produtos”, outra prática interessante é dar preferência a embalagens de refis. Em geral, esse tipo de produto demanda menos matéria-prima para ser produzido, com menos componentes.
Com o uso de refis, há economia de energia e recursos naturais (que seria gasta na produção de novas embalagens). Dica extra: avalie a composição do material de refil, preferindo as embalagens que são recicláveis ou mesmo feitas de material reciclado.
5. Aposte nas sacolas retornáveis
As sacolas plásticas, tão comuns no nosso cotidiano, levam cerca de 450 anos para se decompor. Enquanto muitas cidades já contam com leis municipais para reduzir seu uso, não é preciso esperar o poder público para investir em compras mais sustentáveis: leve sua ecobag e, quando for necessário utilizar o saco plástico, otimize seu uso ao máximo para o lixo, reunindo uma boa quantidade de resíduos antes de descartá-los.
6. Recicle!
Um dos efeitos mais nocivos do consumo desenfreado é certamente a geração impressionante de lixo. Ao separar os resquícios por material e encaminhá-los para a reciclagem, você está contribuindo diretamente para a economia de recursos naturais, a minimização da degradação ambiental e mesmo a geração de empregos.
Vale lembrar que os resíduos orgânicos (como restos de alimentos e cascas de frutas) também são prejudiciais quando destinados ao lixão, tendo em vista que liberam um gás poluente na atmosfera (o metano). Uma excelente alternativa para reduzir esse descarte é apostar na compostagem em casa. Descubra aqui como fazer!
7. Otimize o uso de recursos naturais em casa
Parece clichê, mas investir no consumo consciente também está diretamente relacionado aos nossos hábitos diários em casa – e não apenas à compra de produtos. Fique atento e conscientize as pessoas com quem você mora para o uso inteligente dos recursos naturais.
Banhos mais rápidos, cuidado para otimizar o uso de água ao lavar as roupas e o uso consciente de energia e eletrodomésticos são exemplos de ações efetivas para colaborar com um mundo mais sustentável.
E aí, gostou do conteúdo? Você já aplica algumas das medidas acima para aderir ao consumo consciente? Aproveite para conferir nossa lista de 6 práticas simples para ser mais sustentável no dia a dia!
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